quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Uma dose de lua

     Numa fonte distante, água pura e cristalina.
Eu a bebi e saciei minha sede, mas não pude guardá-la
em minhas mãos. Escorreu pelos dedos, mesmo eu tentando
segurá-la. Quis partir de volta a fonte, caindo
de minhas mãos ao solo.
     Pergunto-me se retornou às pedras,
de onde jorrava abundante...
     Olhei a lua, vi um céu límpido e estrelado.
Algumas nuvens perdidas, engolidas pelas estrelas infindáveis,
dominantes, que a vigiam e a protegem,
em noites claras, nas luas grandes. Na verdade,
encantei-me com a lua, quando procurava nuvens.
Olhei pro céu, pensando na chuva, em poucas gotas
que saciassem minha sede, lavassem minha alma...
Mas lá estava ela, como um sol adormecido a brilhar
no céu noturno. Convidativa, apaixonante, quase sorridente.
     Há muito tempo não me sentia só, vazio...
sempre estive assim e como pude não perceber?
Não posso dizer isso com certeza. Tantas coisas pra pensar,
pra fazer, tantas mudanças e incertezas. Estive perdido, estou ainda... Vertendo vidro dos olhos,
rumo a cegueira implacável, absorto à esperar
a chuva, pois já não há caminhos que me levem à fonte... Mas tenho a lua uma noite ou outra,
onde me banho em luz, onde bebe o meu coração, tentando esquecer.
Uma vez mais ressacado de você...  

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