quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Coração gelado

     Suas palavras, antes aladas,
chegavam inesperadas, transbordando conforto...
     Palavras que surgiam calorosas, aquecendo meu peito,
minha alma, meu corpo. Palavras que alcançaram tamanho e presença.
     O som dessas palavras vibrou aqui e pude ouvi-las. Passaram e suprimiram qualquer ruído,
deixando um eco quase inaudível... dissiparam-se no ar.
     Foram-se trazendo inverno, como as flores que murcham
e não mais perfumam. Veio a neblina.
     Meu horizonte encurtou-se, a garoa e o vento
encolheu-me. O frio tomou conta de mim. Inércia.

     As cinzas caem sobre o lençol, meus olhos acompanham a queda.
Uma fumaça tímida se eleva e devaneio... Apenas observo e repouso minha face na superfície gélida, imaginando formas, objetos, pessoas... admiráveis, repugnantes, indiferentes. Fantasmas moldados
em acidentes geográficos.
     Uma imagem congelada... pela temperatura. Do
tempo, do corpo, da alma...

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