segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sabe...

Tento à cada dia limpar a sujeira.
Sei que levará tempo e não será fácil...
fácil seria jogar sujo de forma limpa, usar de falsas aparências e mentiras absurdas.
Eu poderia ser falso como um orgasmo de prostituta e cínico como um advogado,
sedutor como o mar e falar como poeta que droga o consciente...
podeira trazer à tona o que sei estar aí dentro há tempos,
toda a promíscuidade e indecência.

Quando te olho, vejo à mim.
Vejo um grito de liberdade que formula-se tímida e intimamente...
mas, não há falsidade em seu semblante,
quando me olhas e diz suas verdades cortantes...

Seria fácil viver como antes, mas,
difícil mesmo seria olhar pra ti novamente,
quando em prantos me veria em teu seio...
humilhado e derrotado...
sorrindo-me num reflexo da realidade melancólica...

Qualquer um!
Eu poderia enganar à todos. Poderia não, posso!
Todos menos à mim e à ti, quando penteio os cabelos...

Quando falo comigo

Hoje, quero encontrar comigo...
não sei onde,
se consigo.

Quero estar belo,
ao ver-me sereno e
traqüilo.
Ter em face um sorriso
singelo,
ver no espelho
um amigo...

Desculpar-me comigo
o descaso.
Descansar a carne, a mente...
Não sentir-me cansado.
Erguer a face
e reinar meu Reino,
voltar ao espelho
e sorrir.

Mundo belo em que nasci hoje,
que nele hoje morrerei e
amanhã renascerei para vencer...

domingo, 15 de abril de 2012

Parado na esquina

Parado na esquina,
prostituído e embreagado...
Vejo o padecimento do tempo
envolto em nada,
como fruta podre alheia ao tempo...
Os olhares invadem a privacidade daqueles que buscam a volúpia.
A lua despeja uma chuva prata refletida,
desnuda como todas as mulheres que meus olhos alcançam.
Ouço um ruído surdo e sinto-me deslocado em tamanha agitação.
Meu copo quase vazio esquenta em minhas mãos e entre tragos penso em cair no mundo.
Minha cabeça gira e sinto o corpo que oscila em atrito no meu...
Tão belo, sensual, voluptuoso e vazio.
Eu o desejo, curvilíneo e atraente, cheirando à libido
movimentando-se promíscuamente junto à mim...
Onde estou sinto isso ao longe... um ruído que não identifico..
Meu corpo satisfaz-se, com beijos e carícias
enquanto minha mente vagueia por lugares que acredito ter passado.

O dia clareia-se e estou uma vez mais entre braços alvos e perversos.
A noite parece não ter fim. Breve será invadida pela aurora humildemente cautelosa.
Meus olhos pedem para fecharem-se e ainda tenho algo no copo.
Acabei por dar-me conta de que estou ainda
Parado na esquina...
Esperando o tempo me levar, beijos quentes e orgasmos falsos.
Apenas procurando algo que estou certo de que não encontrarei,
Não hoje, nem aqui... mas algo falta.
Invadido pela ausência que não é falta,
Com fome de carinho, atenção...
Não me olhou, falou pouco,
acabou nua e sem vida como uma lata de cerveja vazia,
Com seu dever cumprido, deixando a satisfação da carne e vazio,
a sensação de ainda estar
Parado na esquina...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Muitas faces... multidão.
Em meio à tantas pessoas, realmente desejar uma só...
Solidão.
Desejo de devorar corpos vazios, mas amar
Apenas um.
O sol que não brilha
Esta manhã é tão cinzenta quanto as outras
e o dia curva-se diante da escuridão noturna...
Soturna...
Absorto o tempo segue seu curso
trágico,
Onde paralela e lentamente
seu curso é alterado.

Minha vontade...
Apreciar temporáriamente as ruas e esquinas
Mas, valeria mesmo abraçar o mundo e não tê-la?
Não tê-la(...) temi assumir tamanhã culpa,
Nunca estive apto.
O mundo ou o meu mundo(ela)
Meu coração - irmão caçula e teimoso da razão...

As estrelas conhecem meus sofrimentos e questões - resposta alguma ou palpite oferecem...
Boa companhia (não há como negar)
Lua,
Plácida e majestosa,
Bela e amarga...
Penhorada.
Como admites que seu brilho já refletido,
refletir-se em minhas lágrimas?

O tempo ao tempo acabou-se.
A realidade retorna como doença devastadora,
assolando minh'alma e carne.
Lua.
Estrelas.
Céu cinzento...
Findem meus lamentos
Levem-me contigo
Cessem o sofrimento... o Sol.
Ei de brilhar, eu... Astro-Rei.

Tudo começou assim

Bom... nada ainda verte da minha mente.
Cansada minha alma busca afago.
Eu saio na chuva e não danço nas poças,
Apenas espero lavar algo que ainda não sei exatamente.
Acredito que oportunamente saberei
Quem sou e oque desejo.
Perdi a chave do meu peito e me esforço em esquecer seu paradeiro...
Procuro não mais ouvir o coração.
A razão que ouço não tem juízo...
Uma criança incapaz de julgar e agir por si só.
Matei minha rosa de sede e fiz minha própria coroa dela,
Um auto-flagelo clemente de misericórdia,
Uma tentativa de trégua entre minha razão infantil e meu coração
Velho e resmungão...