segunda-feira, 25 de março de 2013

Trevas

     Impossível seria não ser insano, em meio à esta selva petrificada... selva esta que, tudo que aqui vive petrifica. Selva de muitas pedras, costumes, loucuras, belas mulheres, paixões ardentes, grandes amores...
     Em meio a insanidade contida em cada passo e ato, por mais visionário que possa se o homem, não poderia recriar tão bela obra: a noite.
     Nela, muitos recarregam-se, dormem, trabalham, deleitam-se em êxtase, amam, vivem... e a escuridão é assim... misteriosa, oculta, apaixonante, perpétua, obscura, apavorante, linda. E como é linda! Como pode ser tão misteriosa assim?!
     Infelizmente posso ser retirado da escuridão inebriante da noite, pelo sol, mas ela mesmo em pleno dia, ninguém retira de mim...

sábado, 23 de março de 2013

Aposte!

Perder...
ganhar... somente na perda
vitória há.
Conquistar é perder
o desejo de conquistar.
Se fácil... disperdício;
suado...
mérito,
sabendo que fácil irá
como veio,
ganhando
ou perdendo,
será vitorioso; ganhando
um novo anseio mutado
em desejo
de uma vez mais
lutar
e
viver o dilema
de perder
ou ganhar...

No silêncio da noite

     Solitária é a noite
e melancólico seu luar...
Molha - a chuva incessante - como lágrima mórbida
que despenca, do tempo
obstante.
     Uma ausência, que torna deserto
o peito solitário;
que pequeno continua
quase que
                                                                                                         perdido.

Song for the Death

     Uma canção ecoa lá fora, outra aqui dentro. Uma sinfonia de início de outono orquestrada em meu peito,  regida pelas lembranças perdidas em minha alma. E ouço essa melodia, resgatando uma última chuva de algum verão passado.
     Lá fora o telhado produz o rufar de mil tambores, enquanto o vento sopra as flautas e clarinetes. Água, vento, raios...
     Aqui dentro a melodia fúnebre, com um canto que não posso ouvir, distante... sou agora um auto-falante, a própria canção, o artista, sou tudo e nada, criador de uma sinfonia desritimada. Meu corpo vibra, sopra, pinga, bate descompassado e ainda sim ouço ao longe a voz da melodia dentro de mim, lutando para sair, nem sei ao certo se é dentro ou fora. Um sussurro talvez...
     No rádio uma canção, pensei ser nossa música. Mas sequer prestei atenção. Aqui dentro aumentou o barulho. Fora, meu corpo agitado transforma o som em algo primitivamente barulhento e banhado em suor e lágrimas, tento não ouvir meu corpo, dentro ou fora. Pois em minha mente agora ecoa a nossa canção, aquela que evito ouvir, perdida no passado, esquecida num verão qualquer...