sábado, 31 de agosto de 2013

Roda gigante

Da vida, escolhi a dor,
o amor, o sofrer...
Vivo, sinto e temo.
À cada escolha, uma alegria,
uma tristeza, uma pessoa, muitas delas.
Escolhi viver, sorrir, escolhi você,
escolhi chorar, escolhi o meu eu,
a solidão, sua companhia terna,
escolhi fazer, deixar pra lá, pensar,
esquecer, escolhi o melhor, estar só...
Optei pelo silêncio, pela lua que contemplo sozinho,
esperando o mundo girar, esperando você passar por aqui...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Uma dose de lua

     Numa fonte distante, água pura e cristalina.
Eu a bebi e saciei minha sede, mas não pude guardá-la
em minhas mãos. Escorreu pelos dedos, mesmo eu tentando
segurá-la. Quis partir de volta a fonte, caindo
de minhas mãos ao solo.
     Pergunto-me se retornou às pedras,
de onde jorrava abundante...
     Olhei a lua, vi um céu límpido e estrelado.
Algumas nuvens perdidas, engolidas pelas estrelas infindáveis,
dominantes, que a vigiam e a protegem,
em noites claras, nas luas grandes. Na verdade,
encantei-me com a lua, quando procurava nuvens.
Olhei pro céu, pensando na chuva, em poucas gotas
que saciassem minha sede, lavassem minha alma...
Mas lá estava ela, como um sol adormecido a brilhar
no céu noturno. Convidativa, apaixonante, quase sorridente.
     Há muito tempo não me sentia só, vazio...
sempre estive assim e como pude não perceber?
Não posso dizer isso com certeza. Tantas coisas pra pensar,
pra fazer, tantas mudanças e incertezas. Estive perdido, estou ainda... Vertendo vidro dos olhos,
rumo a cegueira implacável, absorto à esperar
a chuva, pois já não há caminhos que me levem à fonte... Mas tenho a lua uma noite ou outra,
onde me banho em luz, onde bebe o meu coração, tentando esquecer.
Uma vez mais ressacado de você...  

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Coração gelado

     Suas palavras, antes aladas,
chegavam inesperadas, transbordando conforto...
     Palavras que surgiam calorosas, aquecendo meu peito,
minha alma, meu corpo. Palavras que alcançaram tamanho e presença.
     O som dessas palavras vibrou aqui e pude ouvi-las. Passaram e suprimiram qualquer ruído,
deixando um eco quase inaudível... dissiparam-se no ar.
     Foram-se trazendo inverno, como as flores que murcham
e não mais perfumam. Veio a neblina.
     Meu horizonte encurtou-se, a garoa e o vento
encolheu-me. O frio tomou conta de mim. Inércia.

     As cinzas caem sobre o lençol, meus olhos acompanham a queda.
Uma fumaça tímida se eleva e devaneio... Apenas observo e repouso minha face na superfície gélida, imaginando formas, objetos, pessoas... admiráveis, repugnantes, indiferentes. Fantasmas moldados
em acidentes geográficos.
     Uma imagem congelada... pela temperatura. Do
tempo, do corpo, da alma...