terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sorriso do coração

Seu sorriso...
Surge cintilante eu sua face;
Convite irrecusável,
pensamentos soltos.

Doces,
Seus lábios abrem-se como flor
e num sorriso tímido e singelo
demonstras uma chama de paixão.
Como que desenhados cautelosamente,
Seus lábios expandem uma alegria até mim,
que há muito tempo não sentia.
Eu contemplo obstante
seus cabelos lisos e negros,
que contrastam sua face angelical
de pele aveludada,
ressalta ainda mais tua beleza sofisticada.
E bobo, paralizado, assim fico a observar...
mesmo distante, mergulhado nesse
belo momento,
pois não vejo falsidade em teu sorriso.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

No túmulo

Olho o horizonte,
ouço os pássaros,
sinto que o mundo não é só meu.
Luto...
Brigo...
Mesmo sabendo que não posso derrotar à mim mesmo.
Derrotar-se é morrer...

Quero sentir... acreditar... que só na morte
vida há.
Renascendo dia após dia,
cada luto, como o sol...
Nascendo... morrendo...
Enxugando o pranto de tempos.
Tempos em que morri e que
ainda
não renasci
para sorrir...

sábado, 10 de novembro de 2012

Do pó ao pó

Um sopro forte, a dor
Bate na face como tornado
Levantando a poeira
Vento quente ardendo em brasa
Cá está a insígnia do pecado
Eu que sou o anjo negro das profundezas
Que não crê em sua religião
Que não crê nas pessoas
Que não crê em você
Eu que sou o mal personificado em carne
Matado num anseio de paz caótica

Oque será das minhas cinzas quando o vento soprar forte?
Eu retornarei ao pó? Overdose?
Oque fará o céu azul amanhã?
Você? Eu?
Pintemos de azul o céu e façamos um belo arco-íris
Para podermos contemplar o sol ao nascer
Comtemplar sua partida deixando o rastro de sangue
Trazendo trevas, morcegos e corujas
Com uma lua triste e sem brilho
Opaca e vazia...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Um carpinteiro à mesa 16:20 em ponto...


     Há no céu a lua grampeada no fundo negro. Um cenário montado para que possam protagonizar o ensaio de uma vida sem lembranças. Existe apenas o registro dos corpos bailando na penumbra, uma dança sensual que foi por muitas noites ensaiada...
     Algumas palavras dizem a verdade mesmo quando mentem, ou tentam... 
     A velha casa foi demolida e resultou num terreno baldio e sujo que apenas torna a alameda de belas e vistosas residências num paradoxo caótico. Apenas uma morada de vermes e pragas, pestes e insetos que os andarilhos ignoram, ao passarem pelos arbustos robustos.
     "Bailaram ali..."
     O titereiro largou ali seus brinquedos, dois corpos inanimados que não mais bailam juntos, nem separados. Aposentou-se. Guardou os bonecos e os sorrisos num canto empoeirado do seu armário, cortou as linhas de suas marionetes para dar-lhes liberdade.
     Acabaram-se ali as noites festivas, as conversas sem sentido e sem fim. Não há mais os murmúrios e aplausos dos espectadores. Não há sorrisos senão nostálgicos.
     Embreagado e arrependido, olha seus bonecos traindo e mentindo sem que seus narizes cresçam... por vontade própria vagam e fingem viver, afogando ou mascarando suas lembranças. Nômades sem vida fingindo não terem passado, vagando separados pelos bares, becos e pensões, bailando sozinhos desprovidos de graça, de esperanças, despidos e humilhados pelo próprio orgulho, dilacerados pela dor de uma escolha...
     Uma insígnia marcada na pele, ou membro de madeira que referia-se aos atores de uma ópera esquecida. Sim, na pele. A boneca tinha a crença de estar viva... Em seus movimentos leves e precisos, bruscamente demonstrava alguma humanidade, acreditando ser real sua exitência em algum lugar. E foi...
     O "Pinnochio" igualmente convencido, movia-se com ímpeto livre de suas amarras. vagando pela noite preta e sem estrelas... Onde estarão essas personagens complementares? ilustram um ambiente qualquer? fazem sorrir as crianças? alimentaram o fogo numa noite fria ou num preparo de um jantar à luz de velas?
     Há somente uma certeza, no que se refere aos astros de outrora. O titereio: o amor deixou-os. Livrou-os de suas amarras e não mais os controlam. Aprenderam a mentir e acreditar em suas próprias mentiras, uma vez que não tinham mais um ao outro; migraram em direções opostas e ambos, sim, ambos... vagueiam pelas noites sem fim, à espera do amanhecer, onde sempre acreditaram encontrar na aurora do dia que ainda não veio, o conforto e a realização do encontro com a "Fada Azul..."

terça-feira, 3 de julho de 2012

À você...

     Seus olhos que anseio contemplar,
agora mais que antes. Um lugar no tempo
reservado no desejo já "despido de qualquer nostalgia".
     Interessante em suas idéias e não menos interessantes
os impréstimos e colocações inteligentemente colocadas.
Desperta assim um interesse e uma fome de saber,
conhecer, desvendar... Perdido entre estrelas,
procurando te encontrar na vastidão do Universo luminoso.
     Eu apenas comtemplo esse caminho distante,
traçando uma rota que me leve ao seu sorriso, diretamente.
Mesmo inseguro, mas livre de medo... como uma larva mutada,
batendo pela primeira vez as asas, voando, vivendo, sorrindo,
vencendo, experimentando, chegando até você...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Histeria coletiva

Ódio...
devora a alma, invade o coração.
No peito uma pressão
e o desespero o domina.
Maldade mundana,
histeria coletiva,
caos social...

Os vermes de tuas entranhas
correm-lhe à face,
cavalgam sua índole.
Escorre fel de tua inoscência
e da tua descência perdida...

Seu Guardião não presta,
é imunda sua existência - o Mundo
alimenta sua luxúria.
Beba no cálice capital de falsos ideais,
pois tão pouco resta...
nem ao menos conhece as saídas e
oque realmente resta?
Droga!
é isso...
droga...

Amada lua

Surge contrastando no céu descoberto,
Uma lua casta...
Inspira o uivo afetuoso e reverenciativo,
assim - rotina epopéica - surge a escuridão.
Lua.
Marca e relembra
dor e amor;
Mementos felizes, incessante
Agonia...
Sela o pacto.
Finda, o que testemunhou ser eterno...
deterioração...
Nascimento.
Lua.
Luz fatigada,
refletida;
Lua iluminada.
Tua face: espelho...
Óh lua!
Ouvinte de lamúrias, histórias sofridas.
Não sei ser espelho como tú - sou sol.
E ei de brilhar por toda vida.
Óh lua!
Apaixonar-me por ti fui, em meu peito
uma ferida...
Como assim pude te amar, para intrépido
um eclipse esperar,
se tua chegada...
marca a minha partida.

domingo, 10 de junho de 2012

Eu negado

Hipocrisia
dizer não ser
ou fazer...
fazer 
o que fala para poder desviar
do desespero.

Quando não quer,
quebra.
Quando não convém,
deixa.
Quando não tem direção,
segue o coração.
Quando o mesmo falha,
a razão rasga como navalha.
Sem hipocrisia ou arrependimento,
não deixa a razão ser usurpada
pelo sentimento.

sábado, 9 de junho de 2012

     Do sentimento fez-se a melancolia,
veio ao anoitecer e ficou até que fosse dia,
onde não se falava, chorava ou ria;
e me vi nesse plano vagando,
de onde me ausento pensando nas fúteis coisas da vida,
idéias,
delírios...
     Ausente, percebi que algo me faltava,
mais longe a via quanto mais a procurava
e não sabia que oque procurava estava tão próximo.
     Busquei respostas em alguém,
logo abandonando a busca.
Só eu sabia como sentir-me bem.
E ao lembrar disso, se ria.
     Tanto alguém eu desejei e nem sequer sabia...
que estar em mim era preciso,
que só assim ostentaria um sorriso
e alegremente continuaria vivo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Eu (texto de Saulo Rafael)

Quando me iludo,
É quando vislumbro, 
É quando tateio a idéia, da posse,
De me apossar de algo,
É de me apossar de mim mesmo,
De me separar desta carne,
Dessa máquina bio-lógica,
De reações químicas e exatas,
Que assim o é, para si manter, para me manter,
Preso dentro dela, do corpo,
Da máquina, como a em uma cela,
Eu, quando suposta-mente,
Me aposso, de mim,
Quando vislumbro a idéia,
De me encontrar, 
Fora de mim, e com o meu eu,
Penso ser assim, intangível, 
Consciência pura e plena,
Que nesta fuga, ganha vida,
E que volta, a esse corpo,
Para com outras e outros interagir,
Um dia, sem esse corpo, sem essa matéria,
Poderei me encontrar comigo, me ver,
Sem espelho, não precisarei dele,
Pois poderei me sentir, 
E senti-los, e assim, 
Poderei me encontrar com você e com todos,
Como antes,
Sem matéria, sem máquina,
Sem corpo, Sem prisão,
Sem precisar me isolar,
Nem de mim nem de você,
Leve, desprovido de matéria e corpo,
Como a uma alma ou fantasma,
Voando por aí,
É, eu, você, nós,
E enquanto viver,
Mas enquanto isso,
Vou continuar, a dar minhas escapadas,
Para me encontrar comigo, lógico,
Vou me preparando, em segredo,
Para então, depois, 
Me encontrar com todos...

Saulo Rafael 05/06/2012

E, e lembrando de Raul, "...e da janela desses quartos
de pensão, eu como vetor, tranquilo eu tento uma
transmutação..." ( S.O.S / Raul Seixas )

Eu Eduardo agradeço ao nosso contribuinte Saulo, acrescentando que quem desejar ter algo postado aqui que entre em contato. Nas entrelinhas deixe você também o seu ponto de vista. Obrigado.

Um próximo olhar distante

O olhar.
Que num piscar,
faz sorrir ou chorar.
Atemoriza,
intrépido atacante,
atinge o alvo não obstante,
apenas questão de segundos.
Um instante...
Abre portas,
conta segredos,
demonstra sentimentos,
um adeus eterno...
Uma bela mulher,
lindos cabelos.
Olhos cintilantes que a face ressalta.
Ah! esse olhar...
tímido e sem jeito,
assim como um beijo,
capaz é de tocar a alma...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sabe...

Tento à cada dia limpar a sujeira.
Sei que levará tempo e não será fácil...
fácil seria jogar sujo de forma limpa, usar de falsas aparências e mentiras absurdas.
Eu poderia ser falso como um orgasmo de prostituta e cínico como um advogado,
sedutor como o mar e falar como poeta que droga o consciente...
podeira trazer à tona o que sei estar aí dentro há tempos,
toda a promíscuidade e indecência.

Quando te olho, vejo à mim.
Vejo um grito de liberdade que formula-se tímida e intimamente...
mas, não há falsidade em seu semblante,
quando me olhas e diz suas verdades cortantes...

Seria fácil viver como antes, mas,
difícil mesmo seria olhar pra ti novamente,
quando em prantos me veria em teu seio...
humilhado e derrotado...
sorrindo-me num reflexo da realidade melancólica...

Qualquer um!
Eu poderia enganar à todos. Poderia não, posso!
Todos menos à mim e à ti, quando penteio os cabelos...

Quando falo comigo

Hoje, quero encontrar comigo...
não sei onde,
se consigo.

Quero estar belo,
ao ver-me sereno e
traqüilo.
Ter em face um sorriso
singelo,
ver no espelho
um amigo...

Desculpar-me comigo
o descaso.
Descansar a carne, a mente...
Não sentir-me cansado.
Erguer a face
e reinar meu Reino,
voltar ao espelho
e sorrir.

Mundo belo em que nasci hoje,
que nele hoje morrerei e
amanhã renascerei para vencer...

domingo, 15 de abril de 2012

Parado na esquina

Parado na esquina,
prostituído e embreagado...
Vejo o padecimento do tempo
envolto em nada,
como fruta podre alheia ao tempo...
Os olhares invadem a privacidade daqueles que buscam a volúpia.
A lua despeja uma chuva prata refletida,
desnuda como todas as mulheres que meus olhos alcançam.
Ouço um ruído surdo e sinto-me deslocado em tamanha agitação.
Meu copo quase vazio esquenta em minhas mãos e entre tragos penso em cair no mundo.
Minha cabeça gira e sinto o corpo que oscila em atrito no meu...
Tão belo, sensual, voluptuoso e vazio.
Eu o desejo, curvilíneo e atraente, cheirando à libido
movimentando-se promíscuamente junto à mim...
Onde estou sinto isso ao longe... um ruído que não identifico..
Meu corpo satisfaz-se, com beijos e carícias
enquanto minha mente vagueia por lugares que acredito ter passado.

O dia clareia-se e estou uma vez mais entre braços alvos e perversos.
A noite parece não ter fim. Breve será invadida pela aurora humildemente cautelosa.
Meus olhos pedem para fecharem-se e ainda tenho algo no copo.
Acabei por dar-me conta de que estou ainda
Parado na esquina...
Esperando o tempo me levar, beijos quentes e orgasmos falsos.
Apenas procurando algo que estou certo de que não encontrarei,
Não hoje, nem aqui... mas algo falta.
Invadido pela ausência que não é falta,
Com fome de carinho, atenção...
Não me olhou, falou pouco,
acabou nua e sem vida como uma lata de cerveja vazia,
Com seu dever cumprido, deixando a satisfação da carne e vazio,
a sensação de ainda estar
Parado na esquina...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Muitas faces... multidão.
Em meio à tantas pessoas, realmente desejar uma só...
Solidão.
Desejo de devorar corpos vazios, mas amar
Apenas um.
O sol que não brilha
Esta manhã é tão cinzenta quanto as outras
e o dia curva-se diante da escuridão noturna...
Soturna...
Absorto o tempo segue seu curso
trágico,
Onde paralela e lentamente
seu curso é alterado.

Minha vontade...
Apreciar temporáriamente as ruas e esquinas
Mas, valeria mesmo abraçar o mundo e não tê-la?
Não tê-la(...) temi assumir tamanhã culpa,
Nunca estive apto.
O mundo ou o meu mundo(ela)
Meu coração - irmão caçula e teimoso da razão...

As estrelas conhecem meus sofrimentos e questões - resposta alguma ou palpite oferecem...
Boa companhia (não há como negar)
Lua,
Plácida e majestosa,
Bela e amarga...
Penhorada.
Como admites que seu brilho já refletido,
refletir-se em minhas lágrimas?

O tempo ao tempo acabou-se.
A realidade retorna como doença devastadora,
assolando minh'alma e carne.
Lua.
Estrelas.
Céu cinzento...
Findem meus lamentos
Levem-me contigo
Cessem o sofrimento... o Sol.
Ei de brilhar, eu... Astro-Rei.

Tudo começou assim

Bom... nada ainda verte da minha mente.
Cansada minha alma busca afago.
Eu saio na chuva e não danço nas poças,
Apenas espero lavar algo que ainda não sei exatamente.
Acredito que oportunamente saberei
Quem sou e oque desejo.
Perdi a chave do meu peito e me esforço em esquecer seu paradeiro...
Procuro não mais ouvir o coração.
A razão que ouço não tem juízo...
Uma criança incapaz de julgar e agir por si só.
Matei minha rosa de sede e fiz minha própria coroa dela,
Um auto-flagelo clemente de misericórdia,
Uma tentativa de trégua entre minha razão infantil e meu coração
Velho e resmungão...