quinta-feira, 5 de junho de 2014

Euforia

Penso nos momentos que se foram,
que ainda nem aconteceram.
Penso em como poderá ser.
Um instante contido num sorriso,
após um gole do gim aguado de gelo já no fim.
Um cigarro, fumado pela metade.
Quanto tempo contido num só momento,
quando o mesmo parece ser eterno?

Reflexões à parte, deixo o bar.
Saindo à esmo, passo por um templo e
balbucio uma prece em meio aos sinos fúnebres e anjos esculpidos,
frios e monumentais a me encarar como que julgando minha alma.
Sim, a luz fraca e a madeira escura lembram um tribunal.

Já em casa, permaneço imóvel
enquanto o quarto gira.
No travesseiro um perfume que se esvai a cada minuto.
Até quando dormirei sentindo esse aroma que tanto me atrai?
Aroma que anseio sentir mais e mais,
o calor que desejo em meus sonhos, mesmo acordado.
E sei que em algum lugar está...
longe dos olhos e contidos numa chama que temo acender.

Quero atear fogo na cidade,
sentar num morro distante e assistir a dança das chamas.
Sentir o calor, hipnotizado com as labaredas absortas.
Condenado em meu próprio inferno,
e seu corpo em chamas para me aquecer, até que vire cinzas...
carbonizado, amenizando o inverno...