segunda-feira, 29 de abril de 2013

Um último suspiro

Um amor que não mais transpira,
caminha moribundo,
se vira.
Num grito mudo,
quase não respira.

A flor que naga o pólen,
fruta seca sem néctar,
jardim de urtiga jovem,
um santo sem altar,
amas que revivem e morrem.

Quando da face escorre o pranto,
o coração num nó se aperta,
olhos sem brilho ou encanto,
solidão tem presença certa,
se a boca cala o canto.

Não há certo ou errado,
uma faca de dois gumes;
amar só, não é amar ou ser amado,
não há desejo ou ciúmes
se o amor está acabado.

sábado, 27 de abril de 2013

Esperança

Estou de olhos fechados.
Sinto um grande temor.
Não há fome,
não há riso,
não há vontade alguma...
Pensei ter recebido uma visita,
mas a morte veio e foi-se sem sequer me olhar.
Mal pude velar o defunto. Foi-se a esperança,
alva e bela no seu caixão,
deixando o perfume das flores brancas que não sei o nome...

Não sei bem ao certo o que sinto,
nesse momento nada sei,
olho as horas e sorrio pra uma criança que passa saltitante,
tudo é indiferente.

Agora tudo que quero é deitar-me e sonhar.
Nos meus sonhos, não sou só.
Sou forte, sou herói,
sou galã.
Veículos possantes e velozes me conduzem,
em meio à amigos
e desconhecidos,
pessoas que amo e repudio,
voando longe dos olhos alheios,
sendo e estando, oque eu quizer,
onde eu quizer.
Eu odeio, amo, temo e nada sinto
e mesmo nos mais aterradores pesadelos,
posso ouvi-la cantar,
pois dentro de mim
a esperança ainda vive.

R.E.M.

     Vejo os vestígios de um devaneio que veio e se foi diante da névoa que se espalha ao longe. Fecho os olhos, porém ainda estou acordado. Adormeço e encontro meus temores, enterrados em mim com lápides lisas, sem nomes, sem fotos...
     Acordado, sonho com o céu em que posso voar e abro meu coração sem medo da ventania, e com dificuldade tento olhar para esse céu onde meus sonhos voam soltos. Me pergunto se minha voz alcança sequer o sonho mais próximo. Você pode me ouvir?
     Fecho os olhos e ainda vejo eles voando pelo céu azul, ouço uma canção e todos os demais sons desaparecem. Ouço o silêncio cantar ao meu ouvido, ecoando pelo céu vazio, sem nuvens. Uma canção que me diz que posso voar, para abrir o coração, para eu fechar os olhos e dormir, que eu sonhe e não tema os pesadelos ou a névoa, para eu gritar do meu interior, para que minha voz possa me alcançar...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Drunk (Num boteco qualquer)

Eu não bebo por vício,
Não bebo por nada,
Bebo porque no fundo do copo
Vejo o rosto da minha amada
E se eu não beber tudo,
Mato ela afogada...

                                                                 (Anônimo)