Estou de olhos fechados.
Sinto um grande temor.
Não há fome,
não há riso,
não há vontade alguma...
Pensei ter recebido uma visita,
mas a morte veio e foi-se sem sequer me olhar.
Mal pude velar o defunto. Foi-se a esperança,
alva e bela no seu caixão,
deixando o perfume das flores brancas que não sei o nome...

Não sei bem ao certo o que sinto,
nesse momento nada sei,
olho as horas e sorrio pra uma criança que passa saltitante,
tudo é indiferente.
Agora tudo que quero é deitar-me e sonhar.
Nos meus sonhos, não sou só.
Sou forte, sou herói,
sou galã.
Veículos possantes e velozes me conduzem,
em meio à amigos
e desconhecidos,
pessoas que amo e repudio,
voando longe dos olhos alheios,
sendo e estando, oque eu quizer,
onde eu quizer.
Eu odeio, amo, temo e nada sinto
e mesmo nos mais aterradores pesadelos,
posso ouvi-la cantar,
pois dentro de mim
a esperança ainda vive.