sábado, 23 de março de 2013

Song for the Death

     Uma canção ecoa lá fora, outra aqui dentro. Uma sinfonia de início de outono orquestrada em meu peito,  regida pelas lembranças perdidas em minha alma. E ouço essa melodia, resgatando uma última chuva de algum verão passado.
     Lá fora o telhado produz o rufar de mil tambores, enquanto o vento sopra as flautas e clarinetes. Água, vento, raios...
     Aqui dentro a melodia fúnebre, com um canto que não posso ouvir, distante... sou agora um auto-falante, a própria canção, o artista, sou tudo e nada, criador de uma sinfonia desritimada. Meu corpo vibra, sopra, pinga, bate descompassado e ainda sim ouço ao longe a voz da melodia dentro de mim, lutando para sair, nem sei ao certo se é dentro ou fora. Um sussurro talvez...
     No rádio uma canção, pensei ser nossa música. Mas sequer prestei atenção. Aqui dentro aumentou o barulho. Fora, meu corpo agitado transforma o som em algo primitivamente barulhento e banhado em suor e lágrimas, tento não ouvir meu corpo, dentro ou fora. Pois em minha mente agora ecoa a nossa canção, aquela que evito ouvir, perdida no passado, esquecida num verão qualquer...

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